Nome: Maria Lúcia Fenerich Coleti
Profissão: Psicóloga
Países que já visitou: nunca contei, mas acho que já visitei uns 12
Lúcia é casada, tem 56 anos e 3 filhos. Ela disse que está numa fase da vida em os filhos já deixaram de correr atrás dela e ela deles e completa: hoje caminhamos lado a lado, junto também com meu marido.
Qual o lugar mais inesquecível que você visitou?
Toda viagem é inesquecível, mas eu tenho sim uma viagem muito especial que fiz em 2010 com duas amigas para comemorar meus 50 anos. Fomos para a Espanha, fazer parte do caminho francês de Santiago de Compostela. Nessa ocasião, caminhamos 220 km. A viagem foi tão especial e significativa, que retornamos em 2012 (540 km) e 2014 (520 km).
O que te despertou o interesse para fazer essa viagem?
Uma conversa despretensiosa com uma pessoa que conheci por acaso e me contou que havia feito essa viagem num momento de recuperação de uma grave doença. Conforme ela contava, mais eu me interessava, mais eu ficava curiosa por saber como as coisas aconteciam no dia a dia de uma peregrinação. Não sei dizer exatamente o que deu o movimento, mas a partir daquele momento decidi que iria para lá. Talvez o sentimento de arrumar uma mochila e se expor ao mundo e ao inesperado. Nessa preparação, também foi muito importante a leitura de um livro especial que ganhei da minha nora e sempre indico para que tem a vontade de ir, chamado “Compostela – Muito além do caminho de Santiago”, de Beto Colombo e Mhanoel Mendes.
Conte um pouco da sua experiência e do significado dessa viagem.
Você tem que arrumar sua mochila de tal forma que leve o mínimo de peso possível, pois caminhamos em média 26 km por dia. É importante ter um preparo físico, muscular e aeróbico também. Por mais leve que esteja sua mochila, você vai sentir dores nas costas, nos joelhos. Sempre aparecem novas dores, não importa o quanto você já tenha caminhado. Por isso, prestar a atenção no seu corpo é muito importante para que não se machuque. Já presenciei, mais de uma vez, peregrinos sendo resgatados por táxi ou ambulância, provavelmente por não terem prestado atenção aos sinais dos limites do corpo.
O significado e o propósito de cada um ao decidir fazer essa viagem é pessoal, não podem ser generalizados e nem julgados. Cada um tem um motivo para estar lá. O primeiro grande impacto é na preparação: você tem que deixar suas coisas, seus familiares, seus compromissos. É como abrir um parêntese na sua vida: “me deem licença, eu vou me ausentar por uns dias, mas eu volto”.
Estando lá, apesar de uma programação diária, você está exposto a muitas variáveis que podem impedir que a sua programação seja cumprida. Um dia, erramos o caminho na saída de uma cidade e tivemos que andar 3 km a mais. Nessa situação, isso faz muita diferença. E aí, como você reage a frustrações como essa?
A peregrinação cria condições para você prestar a atenção em você, nos seus sentimentos e nas suas reações, à medida que se expõe a situações novas o tempo todo. Há dias em que você se sente testado na sua paciência, na sua tolerância, na sua resistência, na sua convivência com quem é muito diferente de você. É um exercício diário da mente e do espírito. A viagem propicia e facilita essa atenção em si próprio, afinal você está “sozinho” e nesse momento o que é mais importante na sua vida é você mesmo. De uma maneira geral é um grande aprendizado.
Tem alguma recomendação ou dica para os nossos leitores? Um restaurante, uma vista, uma experiência imperdível?
Existem povoados isolados, às vezes com 50 habitantes, que encantam e são especiais ou pela paisagem, como é o caso do Cebreiro ou pela gastronomia, como é o caso de Atapuerca ou pela hospedagem, como é o caso de Hontanas.
Ter feito um pequeno desvio entre Triacastela e Sarria para conhecer Samos me traz boas e emocionantes lembranças. Lá existe um Mosteiro medieval do século VI, da ordem dos beneditinos e você pode assistir a uma missa com cantos gregorianos. Inesquecível!!
Se pudesse descrever em poucas palavras a sensação de estar ali, o que diria?
A sensação é que o aprendizado e o fortalecimento estão com você durante a Caminhada. Chegar em Santiago de Compostela é uma consequência, é a concretização do propósito de ter ido, mas o caminho continua depois que você chega lá.
Bate pronto por Lúcia Coleti
Comida mais deliciosa : Polvo a galega – Pulperia do Ezequiel – Melide
Uma bebida para acompanhar: Todos os vinhos do Caminho
Paisagem mais encantatora: a chegada em Samos (abaixo)
Próximo destino: Voltaremos agora em agosto de 2016 para percorrer o caminho francês inteiro, de Saint Jean (França) à Santiago de Compostela (Espanha), 780km de uma só vez!
Olá Lúcia! Gostaria de saber quantos dias foram necessários para essa viagem e quantos em média serão necessários para fazer o caminho francês inteiro, de Saint Jean (França) à Santiago de Compostela (Espanha), 780km. Obrigada!
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Olá Priscila , tudo bem com vc?
Estamos calculando caminhar 32 dias !! Uma média de 24 a 25 km por dia . Que legal que se interessou por essa viagem ! Fique a vontade para perguntar !! 😘
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Oi Lúcia! Muito obrigada pelo retorno. Uau! 32 dias? Me interessei sim, mas com apenas um período de férias não seria possível rs, eu precisaria juntar duas férias rs. Quem sabe um dia rs! Super obrigada! Abraços.
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Priscila , nada impede de escolher um trecho que caiba na sua disponibilidade !! Bjs
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Verdade Lúcia! 😉 Muito obrigada pelo retorno. Beijos
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Interessantíssima a entrevista.
Idéia genial!!
A primeira de uma série?
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Gostou, Hé? Muitos blogs de viagens fazem entrevistas e resolvi fazer também. Sim, essa é a primeira de muitas! É legal conhecer o mundo pelo olhar de outras pessoas, né? Enquanto isso, vou viajando na viagem dos leitores🌎🌍🌏💙💙💙
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