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Borgonha e a vida das vinhas

Um dia desses assisti ao documentário “A Year in Burgundy”, no Netflix. Ele mostra o processo de produção de vinhos de algumas famílias produtoras de Borgonha. Cada estágio da produção é acompanhado pela francesa Martine Saunier, uma das maiores e mais respeitadas importadoras de vinho de São Francisco. Profunda conhecedora das particularidades das vinhas francesas, ela seleciona pessoalmente os vinhos que compra.

IMG_7249Há centenas de anos, quando não havia estudos geológicos avançados, os vinicultores perceberam que as mesmas uvas, plantadas em diferentes partes do terreno, tinham sabor diferente. Então, cada terroir foi demarcada e fechada com portões, que definiam a propriedade de cada um dos produtores. Os vinhos da região recebem o nome dessas vilas onde são produzidos e imprimem a personalidade de seu vinicultor, como se contassem um pouquinho de sua história.

Estivemos na França em 2014, e fizemos a Route des Grands Crus, passando por diversas vinícolas. Queria ter conhecido essa história linda de dedicação, precisão, amor e carinho, antes de ter feito a viagem pela região. Se eu já me emocionei por estar lá, em meio a todos aqueles vinhedos sem fim, imaginem se tivesse feito esse passeio depois de entender bem todo o esforço que, passado de geração para geração, está por trás da identidade das vinhas. Afinal, o bom vinho vem dos corações e das mentes das pessoas que os criam, não é mesmo?

Uma coisa é verdade, depois que você conhece as particularidades dos vinhos de Borgonha, a natureza, o terroir e a arte que os tornam tão singulares e especiais, é impossível não se apaixonar.

Se você estiver planejando uma viagem para a região, considere levar aquelas malas próprias para transporte de garrafas, pois a qualidade dos vinhos é excepcional e você vai se arrepender de não voltar com a mala cheia! Os destaques, na minha opinião, são as uvas Pinot Noir e Chardonnay. Ah, não deixe de visitar a Château de Corton-Andre. É bárbara! Outra dica de ouro é se hospedar em algum dos vilarejos da Route des Grands Crus, assim você pode fazer todas as degustações que quiser, como se não houvesse amanhã!

Château de Corton-Andre ❤

Rue d’Aloxe Corton, 21420 Aloxe-Corton, França

http://www.corton-andre.com/

*Quer saber mais sobre a Borgonha? Clique nos posts abaixo:

Route des Grands Crus

De Dijon à Beaune: surpresas gastronômicas

 

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De Dijon à Beaune: surpresas gastronômicas

Depois de passar pelo Vale du Loire, fizemos uma parada estratégica em Dijon, comuna francesa na região administrativa de Borgonha. Ficamos hospedados por uma noite no Hotel Des Ducs, que fica bem próximo ao centro histórico da cidade.

A ideia era fazer check in, tomar um banho e cair na cama, pois na manhã seguinte teríamos quase 300 km para percorrer até a cidade de Annecy, no sul da França. Mesmo cansados da viagem, resolvemos dar uma volta, sem mapa, sem indicação, totalmente ao léu. Foi assim, por acaso, que conhecemos o Chez Gina.

img_7226O restaurante tem um jeitão meio retrô oldschool, super bem decorado e aconchegante. Para nosso delírio, o cardápio era 100% italiano. A comida é muito, mas muito gostosa. Pedimos uma burrata de entrada e, de prato principal, massas com molhos tipicamente italianos (alla rabiata e matriciana), acompanhadas de um belo filé à milanesa. BRAVO! Ah, o restaurante também tem um pequeno empório, que vende produtos italianos como massas artesanais, temperos, molhos, antepastos, polentas e outras delícias da terrinha. Adoramos e recomendo MUITO. Só digo uma coisa: foi ótimo ter deixado a preguiça de lado e ter conhecido alguns encantos da cidade.

Na manhã seguinte, pegamos a Route des Grands Crus, visitamos várias vinícolas e, antes de seguirmos para nosso destino final, fizemos mais desvio até a cidade de Beaune. Aliás, que graça de cidade. Demos uma volta e escolhemos o Brasserie Le Carnot para almoçar, francês na veia! Eu pedi um magret de canard com mel e laranja e o Mau foi de steak tartare, ambos acompanhados do vinho da casa. Quase não tomamos vinho nesse dia mesmo, que mal faria mais uma taça?! Estava tudo muito bom, mas acho que saí de lá meio alegrinha…

 

img_7261Se você for fã de mostarda e estiver na região, não deixe de fazer uma visita e reservar um tour na Edmond Fallot Moutarderie, um dos mais tradicionais e familiares produtores desse precioso condimento francês. Nós estávamos de passagem e não conseguimos fazer o tour, mas eles serviram algumas mostardas para degustação.

img_7242Preciso dizer quantos potes de mostarda trouxemos na mala? Meu Deus! Uma mais deliciosa que a outra. Tem mostarda com pimenta, wasabi, manjericão, ervas, açafrão, cassis, mel e muitos outros. Impossível é sair da loja de mãos vazias. Uma ótima opção também para presentear parentes e amigos.

 

Chez Gina

18 Rue Odebert, 21000 Dijon

 

Brasserie Le Carnot

18 Rue Carnot, 21200 Beaune

 

Edmond Fallot

31 rue du Faubourg Bretonnière – 21200, Beaune

http://www.fallot.com/en/

 

Quer saber mais sobre a Route des Grands Crus ? Clique aqui.

Conhece a bela cidade de Annecy? Clique aqui e aqui.

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Route des Grands Crus

Não sou uma profunda conhecedora de vinhos, mas sem dúvida sou uma grande apreciadora e, sempre que posso, estou com uma taça à mão.

Essa paixão começou há uns dez anos, quando eu e o Mau fizemos nossa primeira viagem pela Toscana, meca dos vinhos italianos. Passear pelas vinícolas e provar o vinho produzido ali, na terra que você está pisando, é uma experiência singular e imperdível.

Se não me engano, foi mais ou menos na mesma época que estreou o filme A Good Year, que conta a história de um garoto chamado Max, que sempre passava as férias no vinhedo de seu tio, na França. Muitos anos se passaram e Max, interpretado por Russel Crowe, se tornou um investidor workaholic, aficionado por bens materiais e totalmente desconectado da família. Ele recebe uma carta com a notícia de que seu tio faleceu e deixou para ele de herança a casa em que passou sua infância. Decidido a ir para França e vender a casa, a história toma outro rumo, quando Max entra em contato com doces lembranças de seu passado, de sua história. Então, ele relembra quem realmente é e volta a dar valor aos simples momentos que, verdadeiramente, o fazem feliz.

O filme despertou em mim a vontade de conhecer a França, mas há dez anos ela era apenas mais um país na minha longa lista de desejos. Então, ao longo dos anos, fiz um curso de vinho aqui, outro ali, vim treinando meu paladar, convencendo o maridão a apreciar um bom vinho (e não só cerveja), até que resolvemos incluir a rota dos vinhos no nosso destino.

IMG_7243Passamos um dia pela Route des Grands Crus, como é chamado o percurso de cerca de 50 km de uma charmosa estradinha que passa entre vilarejos, com diversas vinícolas, onde encontramos os melhores vinhos da região de Borgonha, em especial feitos das uvas Pinot Noir e Chardonnay.

A primeira vinícola que visitamos foi a Chateau de Marsannay. Ao longo do caminho, fomos parando em muitas outras. A maioria delas, tem um espaço que conta a história do terroir, da família dos produtores e do processo de vinificação. Após um tour pelas caves frias, úmidas e um pouco claustrofóbicas, algumas oferecem degustação gratuita de seus vinhos, mas a maioria é paga, e vale muito à pena. No final, você pode comprar os vinhos de sua preferência e rechear sua mala. É simplesmente maravilhoso!

IMG_7252Descobrimos o endereço da Domaine de la Romanée Conti, considerado o vinho mais excepcional de Borgonha e aclamado pelos maiores enólogos. Não tenho paladar apurado para julgar, mas sei que é um dos vinhos mais caros do mundo e queria de qualquer jeito conhecer o lugar que produzia essa raridade e, por que não, degustar um. Paramos em frente aos portões fechados com as iniciais RC. Tocamos a campainha e soltei uma ou duas frases em francês, tentando ser simpática, mas não funcionou. Perguntamos em inglês se podíamos fazer uma visita e o (nada amigável) senhor que nos atendeu fingiu que não era com ele, dizendo que ali não era o lugar que estávamos procurando. Parecia uma coisa sigilosa, onde você só entra com senha, ou se acertar a palavra chave do dia, sabe? Meio James Bond. Enfim, fomos embora, com a certeza de que, por aqueles portões, somente convidados renomados podem adentrar.

Seguimos pela estrada, vimos paisagens belíssimas e encantadoras, degustamos vinhos fantásticos, tiramos centenas de milhares de fotos e tivemos uma certeza: um dia é pouco. Mas essa experiência não para por aqui. Continue acompanhando o blog, pois em breve contarei mais um pouco dessa história e desse lugar tão especial que é a Borgonha.

Que tal um bom vinho agora para finalizar com chave de ouro? Me acompanha?! ;o)